Lúcifer



Lúcifer vêm do latim (lux + ferre), que literalmente significa "portador da Luz" e é denominado muitas vezes como sendo a Estrela da Manhã. Sua primeira representação adotando este nome pode ser encontrada na Roma Antiga, onde originalmente era utilizado para denominar o planeta Vênus quando este anunciava o nascimento do Sol. Porém esta idéia de um Deus da Luz associado com a Estrela da Manhã ao invés da Aurora, data de uma época muito mais remota, sendo utilizada por Sócrates e Platão. Segundo a Edith Hamilton's Mythology, encontramos nesta idéia um Deus da Luz que estava justaposto com Hélios (o Sol) e Hermes.

Como um arquétipo, Lúcifer era considerado na Mitologia Romana como sendo o filho de Astraeus e Aurora, ou de Cephalus e Aurora. Para os gregos o planeta é simbolizado por dois irmãos: Eósforo e Héspero. Ele é o pai de Ceyx, Daedalion e das Hésperides. Ceyx era um rei justo cuja beleza dizia-se ser quase equivalente a de seu próprio pai. As Hésperides eram as guardiãs das maçãs-de-ouro que Juno ganhou de presente de casamento, sendo auxiliadas pelo Dragão. Lúcifer é "o belo gênio dos cachos dourados, cantado e glorificado em todo antigo epitalâmio; é ele que, ao cair da noite, conduz o cortège nupcial e entrega a noiva nos braços do noivo".

Os epitalâmios são antigos cantos nupciais, utilizados originalmente não apenas pelos gregos pagãos, mas também pelos primeiros cristãos, mais um fato que comprova que originalmente Lúcifer não era considerado o inimigo do deus do cristianismo e dos homens.

Os cristãos corromperam a imagem do Lúcifer romano, tornando-o líder dos anjos caídos. O nome Lúcifer não é encontrado em nenhum livro da bíblia cristã. Esta relação surgiu mais tarde, vindo com a invasão de povos europeus e miscigenação de raças. Mais que uma tradução errada, é uma invenção dizer-se que ele encontra-se na bíblia original. A própria menção a um ser que pode até se transformar em um "anjo de luz" (2 Corintios 11:14), ou de um leão que ruge e devora (1 Pedro 5:8) é apresentada apenas a partir do novo testamento. Como será visto, na Torah (nada mais é do que os cinco primeiros livros de qualquer bíblia cristã) não há o conceito de Lúcifer como mal personificado, e sim de acusador.

Realmente não há como negar que a igreja para combater as antigas religiões pagãs, distorceu os deuses antigos, convertendo-os em inimigos, em demônios que atentavam contra a felicidade humana. Que maneira seria mais simples para a solidificação de uma idéia do que a imposição pelo medo? Que maneira mais fácil de se acabar com as festividades pagãs do que torná-las pecaminosas? Todos que iam contra as idéias da Igreja eram considerados hereges. As pessoas começaram a temer pensar, questionar idéias, e por incrível que pareça, centenas de anos depois, ainda por medo, só que agora do inferno ou por pura acomodação, fecham seus olhos para sua realidade, descartando sua auto-realização neste plano.

Alguns demônios cristãos foram criados nada mais sendo do que reflexos do nosso lado animal, que muitos tentam ocultar, lutar contra ele, sem perceberem e aceitarem que este faz parte de todos nós. A ira, a luxúria, a ambição entre tantos sentimentos que pertencem a este lado, são tão necessários aos homens quanto o amor e a compreensão. Somos senhores de nossa própria Vontade, e por isso, aqui e agora, somos nós quem devemos nos utilizar dela para atingir nossos objetivos. Como? Através do desenvolvimento de nosso potencial interior, que apenas se encontra adormecido.

2 comentários:

Unknown 13 de outubro de 2009 às 16:15  
Este comentário foi removido pelo autor.
Cruz 26 de setembro de 2020 às 20:18  

Gostaria de saber, quem desenhou essa imagem de Lúcifer, e se existe um livro contendo essa imagem gostar de saber quem é o autor.

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Circe oferecendo a taça a Ulisses (John William Waterhouse)

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